12 de dez. de 2009

Frost / Nixon


Frost / Nixon. EUA / Inglaterra, 2008, 122 minutos. Drama.
Indicado a 5 Academy Awards, incluindo Melhor Ator (Frank Langella), Melhor Diretor (Ron Howard) e Melhor Filme.
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Eu realmente esperava muito menos desse filme, mas ao vê-lo concluí que todas as indicações que o filme recebeu foram válidas e coerentes com aquilo que o filme apresenta. Muitos não conhecem a história de Richard Nixon, o controverso presidente que se envolveu no caso Watergate, um escândalo de roubo e que foi inocentado de suas culpas sem nem ao menos ir a julgamento. Em entrevistas a David Frost, ex-presidente e entrevistador entram em um profundo e perigoso embate, um em busca da verdade ou outra em busca de defender-se.

Casos que envolvem crimes políticos são sempre interessantes, principalmente se eles estão relacionados à figuras extremamente importantes, como o próprio presidente. Nixon tornou-se memorável não exatamente pelo que fez de bom, mas sim pela sua dificuldade em lidar com alguns assuntos. Foi o terceiro presidente seguido que teve que lidar com a Guerra do Vietnã e cometeu muitos erros, que culminaram na morte de muitas pessoas; teve que se aproximar da China a fim de negociar algumas transações e, próximo à época de sua reeleição, houve o escândalo Watergate - e "gate" seria um prefixo utilizado nos casos de corrupções que seguiram. E o filme, embora não seja um documentário político acerca do evento, mostra muito o quanto isso refletiu na população: todos ficaram contra Nixon e contra a anistia que lhe foi concedida.

O envolvimento entre Frost e Nixon é brilhantemente mostrado. Tanto Frank Langella quanto Michael Sheen mostram-se realmente eficientes em suas atuações e eu realmente acho que ambos deveriam ter sido indicados ao Oscar de Melhor Ator - e para isso, logicamente, Richard Jenkins, Brad Pitt, Mikey Rourke ou Sean Penn não poderia estar na lista. Como Nixon, Langella exibe um comportamento muito frio e calculista, extremamente centrado na importância de suas palavras e na maneira como induzir o estrevistador e até mesmo o espectador. Michael Sheen tem um excelente desempenho, mostrando-se esperançoso, confiante e inseguro - tudo ao mesmo tempo. Estar diante de alguém tão intimidador quanto Nixon, principalmente se ele for como Langella o interpretou, deve ser realmente difícil e Michael Sheen soube como fazer uso da interpretação do outro para aumentar ainda mais a sua própria expressividade. O elenco secundário do filme também positivo e, pasmem, eu consegui me surpreender com Kavin Bacon, que está muito bem como auxiliar do ex-presidente. Rebecca Hall, que curiosamente estave em outra produção indicada a outra categoria da mesma cerimônia, também está muito bem em papel de suporte. O resto do elenco está correto, todos em papeis menores, porém fundamentais à história.

De maneira inteligente e envolvente, o filme nos coloca a par das famosas entrevistas que Nixon concedeu a Frost e o resultado que delas proveio. De um modo geral, é um filme muito bom. Só deixa a desejar pelo fato de seguir uma linha de desenvolvimento que eu particularmente desaprovo, que é aquele em que primeiro tudo parece dar certo, depois tudo começa a dar erro e, por fim, tudo termina feliz, como se imaginava que acabaria no começo. Ignorando esse defeitinho, é um filme que vale a pena ver.

Luís
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Ron Howard é decididamente um diretor do qual eu gosto (mesmo não tendo assistido muito de suas obras). Ele dirigiu dramas excelentes como Uma Mente Brilhante e adaptações boas como O Código DaVinci e Anjos e Demonios. Em Frost/Nixon ele faz, mas uma obra prima.

Tenho que alegar minha ignorância sobre os episódios de corrupção que envolveu o presidente Richard Nixon, mas o filme não exige conhecimento prévio. Tudo é mostrado da maneira certa e no tempo certo para que haja compreensão de todos. Outro ponto positivo é o ato do filme não ter toques de um documentário, fato que ocorre com Milk. O enredo é extremamente envolvente. Praticamente nem vemos às duas horas passarem direito. Cada entrevista é um jogo para que um caia na armadilha do outro fazendo o telespectador torcer para Frost sem invejar a capacidade de dar ótimas respostas de Nixon.

Talvez o melhor do filme sejam as atuações. Concordo com o Luís que Michael Sheen deveria estar na lista dos cinco indicados, mas como não assisti ao filme pelo qual Richard Jenkins foi indicado, e por isso não posso ter uma opinião formada. Já falando dele, Michael Sheen (que também faz o vilão Aro em Lua Nova) está extremamente bem principalmente quando as entrevistas estão indo mal, pois quando Nixon reverte a pergunta fazendo-a ficar a favor deste, a expressão que Sheen faz é muito boa. Frank Langella também está ótimo e com certeza mereceu a indicação. Nixon se mostra um homem forte que acredita que "quando um presidente faz, não é ilegal". A capacidade dele de desviar das perguntas também é incrível. O elenco secundário conta com atores importantes como Kavin Bacon (Sobre Meninos e Lobos) e Oliver Platt (2012) e também há Rebecca Hall que parece ter saído do anonimato estrelando, além desse, Vick Cristina Barcelona, outro filme indicado a outra categoria.

Não achem que estou exaltando o filme, pois tudo nele funciona perfeitamente dando a todos os apreciadores do mundo do cinema um belo presente.

Renan

9 opiniões:

Aristides de Albuquerque disse...

massa vou ver se assisto o filme

abraço

O Cara da Locadora disse...

É realmente um filme excepcional, na minha opinião melhor do que ovencedor do Oscar, na verdade, na minha opinião todos os indicados eram melhor, rs... Abraços...

PS: Temos que atualizar, eu sei...

Ciro Hamen disse...

E aí pessoal, finalmente tô adicionando o endereço novo de vocês nos meus links. Desculpem a demora.

Quanto ao filme, achei Frost/Nixon muito bom. Atuações incríveis e um clima de suspense interessante.

Abraços!

Unknown disse...

Infelizmente eu ainda não tive oportunidade de assistir este filme, embora já tenha ouvido comentarias que só aumentou a minha curiosidade de conferir a trama. Espero concordar com todas as indicações que o foi, segundo você foi indicado merecidamente. Quando conferir o filme, voltarei aqui no Literatura & Cinema e farei um comentário.

Anônimo disse...

realmente, comentário complexo ou profundo, sem superficialidade....
acho que esse tipo de filme requer disponibilidade de ânimo do espectador....
abs

Antonoly disse...

Me parece ser um fime
bem interessante e instigante.
Vou conferir.

Valeu a dica!

*** I.C *** ** The One ** disse...

Voce me convenceu a assistir o filme... Vou a procura... Boua sorte com o Blog

Dewonny disse...

Bem bom esse, foi merecido os elogios e indicações q teve no início do ano, o tema político é bem ajustado devido ao ótimo roteiro q se concentra na entrevista, o q impede do filme ser chato de acompanhar, como é na maioria os filmes com esse tema, e ainda tem as grandes atuações do elenco, Langella e Sheen estão ótimos!
Abs! Diego!

LuEs disse...

ARISTIDES, veja-o.

O CARA DA LOCADORA, eu ainda não assisti Quem Quer Ser um Milionário?, então não tenho uma opinião sobre isso. E vocês precisam mesmo atualizar! =)

CIRO, que bom que adicionou o novo link, obrigado. Sobre o filme, é realmente muito bom, principalmente as atuações.

WELLINGTON, esperamos que você volte mesmo. Quereremos saber sua opinião sobre o filme.

ANA LUCIA, não tem como não se animar ao vê-lo. Requer tempo, talvez; requer boa vontade, quem sabe. Mas o ânimo vem fácil.

ANTONOLY, é um filme interessante, veja-o.

***I.C***, que bom que nós te convencemos.

DEWONNY, concordo com tudo o que você disse. E insisto que Sheen também merecia uma indicação ao Oscar.

Luís