Inglorious Basterds. EUA, 2009, 153 minutos. Drama / Guerra.
Indicado a 8 Academy Awards e vencedor na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Christopher Waltz).
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Havia algum tempo que Tarantino não causava boatos. A Academia havia lhe reconhecido o excelente trabalho realizado em 1994, quando indicou Pulp Fiction a sete prêmios, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro. Quinze anos depois, Tarantino consegue o êxito de tantas indicações novamente e das oito indicações conquistadas por Inglorious Bastards, creio que as mais significativas sejam a de direção e de roteiro – o que nos mostra que o diretor é bom tanto com a história quanto com a maneira como lida com os atores.
A história do filme brinca com a história de um dos episódios mais marcantes pelo qual a humanidade já passou: a ascensão nazista. Um grupo de soldados judeus decide se vingar de todos os nazistas e, liderado pelo tenente Aldo Raime, eles partem com o intuito de encontrar o coronel Hans Landa e, no caminho, pretendem matar o maior número de nazistas possível.
Eu gostei bastante do roteiro do filme, mas honestamente não pude relacioná-lo rapidamente a Tarantino. Somente quando o filme se aproximou de seus momentos finais é que eu então pude sobrepor a personalidade do diretor à personalidade daquele roteiro sadista. Provavelmente, os outros cinéfilos discordarão de mim, mas creio que Bastardos Inglórios, embora tenha uma vertente cômica, é o filme mais sério de Quentin Tarantino. E essa impressão que eu tive não ficou apenas registrada pelo modo como o diretor compôs o roteiro, mas também pelo modo como ele conduziu o seu filme – a câmera parecia convencional demais, quase instruída pelo método-padrão de cinema. Senti saudades daqueles ângulos legais visto em filmes como Kill Bill ou mesmo Pulp Fiction. Como todos os seus filmes, Bastardos Inglórios é bem extenso, com mais de duas horas e, pela primeira vez, eu tive a impressão de que o filme não se desenvolvia. Credito essa sensação à quantidade de personagens – todos são muito importantes e todos têm as suas histórias brevemente contadas, o que prolonga o filme desnecessariamente. Se vocês se lembram de Kill Bill, decerto entenderão o que eu digo: apenas uma personagem, a Noiva, tem sua vida mostrada, de modo que as informações que temos sobre os outros provém das cenas mostradas a partir da ótica da Noiva (com exceção da história de O-Ren Ishii). Acredito que teria me agradado mais saber apenas sobre um personagem – o tenente Raime ou Shoshana, por exemplo – a conhecer um pouco de cada pessoa que aparece em cena.
Embora muitos digam que o filme seja de Brad Pitt e Christoph Waltz, eu penso que a obra dá mais valor às personagens femininas, que, infelizmente, aparecem pouco. Shoshana, magnificamente interpretada por Mélanie Laurent, é uma mulher bastante forte e determinada – e isso somente se intensifica quando vemos as expressões firmes da atriz que a interpreta. Posso dizer o mesmo de Diane Kruger: magnífica. Sua personagem tem muita importância na trama, mas o espaço dedicado a ela é pequeno e mesmo assim a atriz me surpreendeu em sua atuação. Por elas, digo que esse é um filme no qual as personagens secundárias ganharam totalmente a minha simpatia. Christoph Waltz foi o grande destaque dos circuitos de premiação com a sua interpretação. Honestamente, não me identifiquei com ela e realmente não acho que o seu trabalho tenha sido maior que qualquer uma das atrizes que citei. Eu nem sequer sei se eu o indicaria! Sua interpretação, em minha opinião, é apenas correta. Mas como eu não sei como foi o desempenho de todos os atores que concorreram cm Waltz, ainda é cedo pra dizer que achei justa ou não a sua vitória. Brad Pitt e o seu sotaque arrastado me agradaram. Não achei nenhuma maravilha de atuação, mas confesso que gostei do que foi apresentado. Considerando todos os filmes de Tarantino, o elenco dessa produção é o que mais me pareceu desajustado para uma obra desse diretor, mas, de qualquer forma, o filme me parece desajustado e incompatível com o humor ácido dele.
Decerto devo recomendar Bastardos Inglórios: é uma boa obra, rende bons momentos e consegue entreter. Mas, como disse antes, não pude me identificar totalmente com ele, embora lhe reconheça todos os méritos – boa fotografia, trilha sonora envolvente, bem humorado, roteiro inteligente. Assistam-no e tirem as suas próprias conclusões.
Luís
Crítica | Robô Selvagem (2024)
Há 4 horas
3 opiniões:
É puro território TARANTINO!
Abs,
Rodrigo
Luís, eu também reconheço os méritos de "Bastardos Inglórios". Mas, assim como você, não consegui me identificar com o filme. Só fui curtir a história lá pelo final...
Eu gostei de Bastardos Inglorios muito mais que você, principalmente pelo fato de Tarantino desconstruir toda história.
Outra coisa, não concodo com você, o destaque do filme é Christoph Waltz. E um personagem que você odeia e adora, foi uma vitória bastante merecida.
Nossa, me deu uma vontade de rever algum filme do Tarantino... rs
Abraço!
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