17 de mai. de 2010

O Crime do Padre Amaro

El Crimen del Padre Amaro. México, 2002, 118 minutos. Drama.
Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
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O título por si só já faz com que o espectador saiba que essa é uma adaptação do romance escrito pelo português Eça de Queiroz em 1875. Trata do romance entre Amaro e a jovem Amélia, que surge num ambiente em que o próprio papel da religião é alvo de grandes discussões e a moralidade de cada um é posta à prova. Enquanto a trágica história de amor se desenvolve, personagens secundários travam instigantes debates sobre o papel da fé.

Gael Garcia Bernal é um ator do qual eu gosto bastante; não entendi, porém, sua participação nesse filme. Intérprete de Amaro, Gael pouco faz senão servir de cenário, uma vez que há pouquíssimo desenvolvimento do seu personagem e, quando esse desenvolvimento acontece, surge de maneira incorreta e distante da forma como Eça o caracterizou. Gael é um ator maturo, mas que pouco acrescenta; sua participação é importante, porém bastante limitada, mas dado o roteiro, creio que fez tudo o que pôde. Ana Claudia Talancón tem olhos expressivos - e isso é tudo. Sua participação se resume a lançar olhares sedutores e culpados ao padre; pelo menos, o diretor soube usar o que a atriz tem de melhor! Sancho Gracia, que faz o padre Benito, não tem nenhuma característica marcante e a única função do personagem é mostrar o quanto a Igreja é corruptível.

A direção, na minha opinião é fraca, já que o diretor não consegue arrancar a carga dramática que os atores podiam oferecer. A história do livro é densa, profunda; poderia ter sido transformada num grande filme. O roteiro fez aquilo de que não gosto: atualizou o enredo. Se o original se passa no século XIX, o roteiro traz uma história narrada nesse século, com direito a telefones, TV em cores, clínicas de aborto, etc. Particularmente achei que o assunto não flui, os argumentos do roteiro são escassos e o que presenciamos é uma longa sequência de repetições, que quase não entretém o espectador. Após uma hora de filme, com a consumação do romance entre Amaro e Amélia, o roteiro parece respirar novamente e o espectador sai do transe em que estava. Poucos minutos depois, o entretenimento some mais uma vez e volta o sono, porque o roteiro desanda e tudo fica meio chatinho.

Esse não é um filme que entretém, não é uma boa adaptação e é uma pena ver um ator tão bom sendo desperdiçado. Eu não recomendo esse filme às pessoas, pois duvido que elas se entreteriam enquanto assistia a algo assim. O padre Amaro do filme parece mais que foi escrito por algum escritor romântico do que por um escritor realista: o personagem é totalmente sentimental e isso tira o impacto do "crime" dele. Acabamos compreendendo que o que ele faz é tanto por amor à Amélia quanto por amor à religião. Um erro descabido, pois deveriam conhecê-lo como um homem calculista, que age com premeditação. Enfim, os que quiserem vê-lo, vejam-no...

Luís

1 opiniões:

Hugo disse...

É uma história ao estilo antigo, tanto pela peça original, quanto pela trama em si, o que acaba ficando um pouco chato para as platéias atuais.

Vale pelo bom casal principal, que dá conta do recado.

Abraço