21 de mai. de 2010

Melinda e Melinda


Melinda and Melinda. EUA, 2004, 104 minutos. Drama
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Como sempre, vou começar dizendo o que me levou a assistir a esse filme: uma resenha que li no Cinemótica e, anteriormente, uma lista sobre filmes que contenham obsessões, do mesmo blog. Então, afirmo com veemência que foi o Marcelo quem me fez querer conferir essa obra de Woody Allen. Devo acrescentar também que há pouco vi Vicky Cristina Barcelona, filme do mesmo diretor, que concorreu à cerimônia passada no Oscar e ganhou na categoria Melhor Atriz Coadjuvante. Todos falam tão bem de Allen, que quase me senti obrigado a ver outro filme dele. Então, comecei por esse.

Em Nova York, dois autores de teatro discutem se a existência humana é trágica ou cômica. O episódio de Melinda, uma jovem que interrompe um jantar mundano, dá origem a que eles desenvolvam duas histórias paralelas, que evoluem de forma distinta o gênero defendido. A comédia romântica e o drama, onde se explora a fragilidade do amor, a infidelidade, o romance, a erosão dos sentimentos e a incapacidade de comunicar. (fonte - cineplayers)

Posso afirmar com absoluta certeza que eu gostei muito desse filme. Achei-o bonito, criativo e, sobretudo, cativante. O roteiro consegue nos apresentar duas pessoas, como o próprio título sugere: Melinda e Melinda. Uma está inserida num universo colorido, com cores vibrantes, cheio de sorrisos e abraços, beijos e amores; a outra vive o cinzento e o azulado, se limita às tragédias, sua principal esperança é aguardar o próximo evento negativo. Achei simples e ao mesmo tempo muito eficiente a maneira como o roteiro nos apresenta a história. Não vemos e revemos a mesma situação, sob duas perspectivas; vemos um desenvolver linear no qual as narrativas são mostradas completando uma a outra, embora os eventos que ocorrem sejam bem diferentes. É como se assistíssemos a um filme como todos os outros, que narram uma única história. O ponto positivo é fazer com que percebamos a alternância das histórias sem que isso soe fragmentado. Devido à direção de Woody Allen, que faz com que não nos sintamos estúpidos, o filme tem um resultado muito positivo.

Ainda sobre o roteiro, achei interessante as circunstâncias que envolvem os personagens. A parte do drama é bem concisa e abrangente, pois o roteiro não se ocupa em transformar a vida de Melinda numa absoluta desgraça. Pouco a pouco, vamos conhecendo o temperamento dela, a maneira como ela interage com as pessoas e as reações que ela causa, como por exemplo quando a melhor amiga dela diz que não quer se tornar uma "amiga problemática que precisa ser introduzida a fotógrafos", numa clara alusão ao fato de que ela não deseja ser como Melinda. Também vemos que a sua vida é dramática não pelo fato de ser um poço de desgosto, mas sim por haver altos e baixos, sendo que os momentos de declínio acontecem e desestabilizam a personagem. Curiosamente, eu gostei mais do tom cômico da vida. O "cômico" não é risível; ele é leve, sutil, com bastante cor e animação. Não pensem que vão ficar rindo porque tudo é engraçado. É bonita a maneira como os personagens se envolvem, como eles se encontram e como a narrativa segue a partir do casual acontecimento que os colocou juntos pela primeira vez. O filme, ainda que foque bastante Melinda, não a faz sua única personagem principal. Todos os outros personagens tem significância e todos juntos moldam as perspectivas pelas quais enxergamos a vida.

Em sua resenha, o Marcelo do Cinemótica disse que Radha Mitchell infelizmente não é tão perceptiva quanto a sua personagem. Eu particularmente discordo. Não conheço o trabalho da atriz em vários filmes; vi uns três, sendo que em um deles ela é coadjuvante. Gostei de sua participação em Melinda e Melinda. Achei que ela foi muito feliz na composição de sua personagem e soube como diferenciar bem as duas vidas que leva. Fica evidente no seu olhar quem é a Melinda-problemática e a Melinda-feliz. Surpreentendentemente, gostei de todos os atores, com destaque especial à maravilhosa Chloë Sevigny, que quase sempre se mostra eficiente nos filmes em que atua. Sua presença é marcante e tenho certeza de que ela, juntamente com a personagem-título, é a que mais nos impressiona. Até mesmo o escrotíssimo Will Ferrel está bem nessa obra; nem a presença de Steve Carell me incomodou. Amanda Peet, atriz que acho meio duvidosa, se situa bem no filme e até acrescenta algum humor a ele. Acredito que o elenco produz um resultado tão bom por causa da eficiente direção de Woody Allen, pois, por si só, apenas duas atrizes se destacariam.

Devo ainda comentar sobre a diferenciação feita entre os dois segmentos dessa produção. A maquiagem é indispensável e certeira para que possamos saber qual situação Melinda vive. O cabelo encaracolado, o lápis borrado no olho, as roupas de tom escuro, fazem com que nós saibamos imediatamente o que estamos vendo. Em contrapartida, nas cenas cômicas, há o cabelo liso, um rosto bem iluminado, roupas claras e de cores vívidas. Como se isso já não fosse o suficiente, há aquilo que comentei anteriormente: as lentes de cores diferentes afirmam ainda mais o momento que vive a personagem.

Devo recomendar totalmente Melinda e Melinda, pois é um filme gostoso de assistir. Entretém, é divertido, nos convida a refletir de maneira suave e a aproxima o espectador tanto dos eventos dramáticas quanto daqueles cheios de alegria. Se eu já havia gostado de Vicky Cristina Barcelona, gostei ainda mais de Melinda e Melinda. Minha opinião quanto a Woody Allen ainda é a mesma, no entanto: seu gênero de filme ainda não é o meu favorito.

Luís
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2 opiniões:

renan disse...

Mesmo tentando repensar, acho que minha opinião sobre o filme não mudou.

Não gostei.

Não há carisma dos personagens e o roteiro não prende a atenção, de modo com que 20 minutos pensando no nada façam com que percamos a vontade de ver qualquer lado de Melinda.

Fábio Flora disse...

Um filme bacaninha, com os sempre bons diálogos de Woody e um Will Ferrell inspirado. Abraços e sucesso com o blog!